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Fashion Revolution questiona os impactos ambientais no mundo da moda

Atualizado: 14 de nov. de 2018

Quem fez minhas roupas? Um movimento que acredita na reconexão do elo perdido entre o costureiro e o consumidor

Foto: Divulgação/Fashion Revolution

Por Anna Beatriz Oliveira


O dia 24 de abril de 2018 foi um marco para a história da moda. Dessa vez, não por um desfile incrível ou uma grande inovação, mas por uma tragédia: a data marca cinco anos do desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, local que abrigava diversas confecções têxteis, especialmente de marcas de fast fashion famosas em todo mundo, como Primark e Forever 21. Neste dia, mais de mil pessoas morreram e outras 2.500 ficaram gravemente feridas.


O desastre fez com que grande parte das pessoas olhassem com mais atenção para a cadeia de produção da moda, para o modelo fast fashion e para as pessoas que estão por trás da confecção das roupas que vestimos. Foi neste contexto que surgiu o Fashion Revolution, movimento global presente em pouco mais de 100 países, que nasceu para discutir e questionar os impactos da indústria da moda na vida das pessoas e para lutar por uma transformação no mercado.


"Quem fez minhas roupas?". Essa é a principal pergunta da campanha, que acredita que a partir deste questionamento é possível fazer com que o público reconecte o elo perdido entre o costureiro e o consumidor e conheça quem está por trás da confecção das nossas roupas, além de garantir que a qualidade de vida dos trabalhadores seja sempre assegurada.

"A partir da informação sobre a problemática social e ambiental escondida nas roupas, o indivíduo pode compreender que estamos conectados e que as mudanças comportamentais podem gerar impactos positivos e negativos no meio ambiente e na vida de outras pessoas", afirmou Fernanda Simon, diretora nacional do Fashion Revolution Brasil, ao Por Trás da Moda.


No Brasil o movimento atua há quatro anos realizando eventos e ações que promovam mudanças de mentalidade e comportamento não só dos consumidores, mas também de empresas e profissionais da moda. Isso porque a campanha acredita que a conscientização é o primeiro passo para que as transformações sejam concretizadas na prática.


"Tratar de assuntos como sustentabilidade e transparência é fundamental para garantirmos condições dignas aos trabalhadores. Também é importante ressaltar que educar os novos profissionais e mostrar o poder de decisão dos consumidores trará um desenvolvimento ético e ecológico não só para o setor, como para toda sociedade", acrescentou Fernanda.


Desde o início do Fashion Revolution, alguns avanços foram notados:

  • Em 2017, 2,5 milhões de pessoas se envolveram com o movimento;

  • Mais de 100 mil pessoas questionaram #QuemFezMinhasRoupas, 2.416 marcas responderam a hashtag e compartilharam informações sobre a sua cadeia produtiva;

  • Mais de 150 grandes marcas publicaram onde são feitas suas roupas;

  • Mais de 1.300 fábricas foram inspecionadas em Bangladesh desde a tragédia do Rana Plaza;

  • O governo de Bangladesh aumentou em 77% o salário mínimo da área – agora são $68 (R$ 255) por mês;

  • Mais de 70 marcas se comprometeram a participar da campanha Detox do Greenpeace, que consiste em eliminar os produtos químicos prejudiciais das cadeias de produção da moda. Juntas, essas marcas representam 15% da produção têxtil global

A cada ano, o Fashion Revolution cresce por avaliar que mudanças positivas podem acontecer se todos pensarmos de modos diferentes sobre a moda e exigirmos uma indústria têxtil e de moda mais segura, justa, transparente e responsável. É um movimento que acredita que os consumidores redefinem a indústria de moda toda vez que encontram histórias sobre suas roupas e discutem o que é certo e errado sobre elas.


Afinal, uma revolução na moda é necessária: produzimos e consumimos às custas de pessoas e do nosso planeta, vivemos em um momento de produções rápidas e exploramos recursos naturais finitos e mão de obra barata – já que o giro de produtos se dá por preços baixos. Chegou a hora de abandonar a mentalidade de "comprar, usar e jogar fora" e considerar os produtores e o ambiente de maneira igualmente importantes em nossa economia.


"Escolhas mais conscientes, a partir de uma mudança de mentalidade, podem variar desde o simples ato de não comprar peças novas, até usar o que se tem, cuidar bem e trocar com amigos", disse Fernanda.


"Se um produto novo realmente for essencial, atitudes como comprar de produtores locais, com procedência ética e matérias-primas mais ecológicas, além de escolher peças com qualidade e que garantam maior durabilidade são caminhos, que, na prática, podem ajudar", completou a diretora nacional do movimento.

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